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Picudo Vermelho no Uruguai: A Ameaça Silenciosa que Compromete o Patrimônio Natural

A Chegada de um Invasor: Do Oriente à América do Sul

O picudo vermelho (Rhynchophorus ferrugineus), um besouro originário do sudeste da Ásia, é considerado uma das 100 espécies exóticas mais invasoras do mundo. Sua capacidade de se adaptar e destruir palmeiras em diferentes climas fez com que ele se espalhasse rapidamente, alcançando o Oriente Médio, a Europa (onde causou perdas econômicas bilionárias em países como Espanha e Itália) e, mais recentemente, a América do Sul.

No Uruguai, a presença da praga foi confirmada, acendendo um sinal de alerta para as autoridades e para a população. Acredita-se que o besouro tenha chegado ao país por meio da importação de palmeiras ornamentais já infestadas, uma via de contaminação comum para essa espécie. A falta de controle rigoroso em portos e fronteiras é um dos principais fatores que contribuem para a disseminação de pragas como essa.

O Ataque Subterrâneo: Sinais, Métodos e Impactos

A verdadeira ameaça do picudo vermelho está em sua fase larval. A fêmea adulta põe entre 200 e 300 ovos em um único ataque. As larvas, quando eclodem, penetram no interior do tronco da palmeira e começam a se alimentar do tecido vegetal, cavando galerias que podem atingir 1 metro de profundidade. A palmeira, por sua vez, só manifesta os sintomas externos quando o dano interno já é irreversível.

Sinais Típicos de Infestação:

A queda prematura e murcha das folhas mais jovens (as folhas do topo, que formam a “lança”), a presença de orifícios na base das folhas e um pó serrado (excremento das larvas) são os principais indicadores. Em casos avançados, a copa da palmeira desaba completamente, levando à morte da planta em poucos dias.

Espécies Ameaçadas:

As palmeiras mais suscetíveis no Uruguai incluem a palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), muito comum no paisagismo urbano, e a tamareira (Phoenix dactylifera). No entanto, a praga representa um risco real e ainda pouco estudado para as espécies nativas, como a palmeira-anã (Butia capitata), símbolo do ecossistema do país.

Estratégias de Combate: Monitoramento, Tratamento e Prevenção

O combate ao picudo vermelho exige uma abordagem integrada e coordenada. As autoridades uruguaias, como o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP), lideram as ações de monitoramento e controle.

  • Métodos de Monitoramento: A instalação de armadilhas de feromônio é uma das principais ferramentas para detectar a presença do besouro e monitorar sua população. Essas armadilhas atraem os machos, ajudando a identificar áreas de infestação.

  • Tratamentos: Em estágios iniciais, é possível realizar tratamentos químicos e biológicos. A endoterapia vegetal, que consiste na injeção de inseticidas diretamente no tronco, é uma das técnicas mais eficazes, pois atinge a praga sem prejudicar o meio ambiente de forma generalizada. Outra técnica é o uso de nematoides entomopatogênicos, organismos que parasitam e matam a larva do picudo.

  • Prevenção: A principal medida de prevenção é a poda correta. Os cortes nas palmeiras são portas de entrada para o besouro, que deposita seus ovos em ferimentos. Por isso, a poda deve ser feita no período de menor atividade do besouro e os cortes devem ser imediatamente selados.

A Importância da Colaboração Comunitária

A luta contra o picudo vermelho é um esforço coletivo. A conscientização pública é fundamental para evitar a disseminação da praga. Os cidadãos são encorajados a reportar qualquer suspeita de infestação ao MGAP ou a profissionais de paisagismo, que têm o conhecimento para diagnosticar e aplicar o tratamento adequado. A rápida notificação e a ação coordenada podem evitar a perda de palmeiras icônicas e a destruição de paisagens que são parte da identidade do Uruguai.

Referências:

Ministerio de ganadería, agricultura y pesca: Información actualizada sobre el picudo rojo de las palmeras.

ORT Facultad de Arquitectura – El picudo rojo en Uruguay, nuestras palmeras y paisajes bajo amenaza.

Sistema Nacional de Emergencias: Rhynchophorus ferrugineus “el picudo rojo de las palmeras”.